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15.7.09

Rogério Fonteles Castro Um amigo,do Orkut,inteligente e tranguilo

Rogério Fonteles Castro

Graduado em Física pela Universidade Federal do Ceará




Conheci o Amigo Rogerio no Orkut, descobri seu talento, um trabalho voltado para pesquisas e o conhecimento, suas pesquizas, são serias e encantadoras sua capacidade de se envolver com as coisas realmente uteis ao conhecimento o fizeram destaque da minha pagina no Rebate.





CIÊNCIA COGNITIVA & SIMULAÇÃO DA MENTE Nesta publicação, apresentamos artigo retirado do livro FILOSOFIA E CIÊNCIA COGNITIVA, autor João de Fernandes Teixeira (Mestre em Lógica e Filosofia da Ciência - Unicamp; Doutor em Filosofia da Mente e Ciência Cognitiva - University of Essex, Inglaterr; e Professor do Departamento de Filosofia da Universidade Federal de São Carlos desde 1992), no qual são abordadas as contribuições e empecilhos proporcionados pela psicologia e pela neurociência na formação da ciência cognitiva, que é dita como a “ciência da simulação”. São explicitadas também algumas dificuldades que esta ciência enfrentou e enfrenta ainda hoje em seu desenvolvimento; a questão dos autômatos e, por fim, algumas dúvidas relacionadas à existência do conceito de “mente”. Desenvolver simulações de atividades mentais humanas é a tarefa primordial da ciência cognitiva. Neste sentido ela é, basicamente, uma ciência do artificial, ou seja, do comportamento das simulações entendidas como grandes experimentos mentais Nada atrapalhou mais o desenvolvimento das ciências do homem do que a hesitação em tratar o ser humano como objeto de investigação. Aqueles que quiseram preservar o ser humano de uma abordagem científica - os humanistas - tornaram as ciências humanas estéreis. E o preço desta esterilidade já se faz sentir neste século quando se torna cada vez mais visível que, a despeito do avanço tecnológico, as chamadas "questões sociais" permanecem intratáveis. Por que ocorre isto? Quais as raizes desta disparidade entre ciências da natureza e ciências humanas? O pensador que oficialmente inicia a modernidade filosófica, René Descartes, tinha como projeto prioritário fundar uma ciência do ser humano. Esta é a parte freqüentemente esquecida de sua obra: o desafio de fundar uma medicina científica, uma psicologia (que ele chamava de ciência das paixões) e uma moral, mesmo provisória. Mas para fundar a ciência da natureza - passo preliminar em direção a uma ciência do homem - Descartes operou uma separação conceitual entre o físico e o mental. Uma separação metodológica que muitos historiadores até hoje julgam ser uma separação entre substâncias diferentes que comporiam o mundo. Com esta separação, Descartes pretendia fundamentar e construir uma nova ciência da natureza, sobretudo uma nova física que fosse totalmente diferente da física medieval. Separar o físico do mental permitiu a Descartes matematizar o mundo, torná-lo descritível através de entidades abstratas e modelos matemáticos. Ficava para trás a física medieval, a física que postulava propriedades intrínsecas dos corpos para explicar por que eles se movimentam. Alguns, naquela época, lamentaram num tom saudosista a matematização do mundo, o fim da física do impetus, e chamaram isto de "desencantamento". Mas a separação cartesiana entre o físico e o mental não deu apenas frutos. Ao segregar a mente do mundo - como muitos a entenderam - fez com que qualquer projeto de criar uma ciência da mente se atrasasse por pelo menos duzentos anos. Não poderia haver uma ciência da mente, nem uma ciência do comportamento humano, pois a mente seria algo inescrutável. Restaria apenas a literatura, folk psychology (1) ou quando muito o esprit de finesse. A grande frustração da folk psychology é que ela não explica nada, quando muito repete chavões da sabedoria popular. (1) Por folk psychology entendemos o conjunto de teorias habituais e cotidianas a partir das quais explicamos o comportamento e a vida mental de outras pessoas Desde a tentativa de criar oficialmente uma ciência da mente - uma psicologia - feita por Wundt há cerca de dois séculos atrás, até os dias de hoje, pouco andamos. Sucederam-se as diversas escolas psicológicas, umas as outras, mas até hoje a psicologia sofre de uma crônica desorganização paradigmática, a ponto de filósofos como Ludwig Wittgenstein celebrizarem sentenças bombásticas como "Na psicologia há métodos experimentais e confusão conceitual" (Wittgenstein, 1951). A sentença de Wittgenstein foi proferida numa época em que duas grandes escolas disputavam, hegemonicamente, a primazia no cenário da psicologia. De um lado estava a psicanálise, que rapidamente esqueceu sua motivação médica e biológica para tentar impor-se como teoria da cultura. Do outro lado havia o behaviorismo que, numa versão caricata defendida pelo seu baixo clero, colocava-se como opositor de qualquer tipo de mentalismo, ou seja, recusava-se a postular a existência de qualquer estado interno, mesmo que este fosse escrutável. É claro que estas escolas acabavam sendo como água e óleo, isto é, sustentando princípios claramente incompatíveis. A psicanálise parece ter sucumbido à sua própria escolástica; quanto ao behaviorismo, pairavam dúvidas se a multiplicidade dos comportamentos humanos seria inteiramente explicável através de variáveis ambientais. Nas décadas de 1950 e 1960 a psicologia atravessou sua mais forte crise paradigmática - uma crise cujos reflexos se fazem sentir até hoje, com proliferação de seitas herméticas como é o caso, por exemplo, da "psicologia transpessoal". Uma reação a esta tendência foi a ênfase nos estudos sobre o cérebro, numa tentativa de trazer de volta para a esfera da ciência o estudo da mente humana. Os anos 1990 firmaram-se como a década do cérebro, num esforço cada vez maior de encontrar correlatos neurais de todos os fenômenos mentais, inclusive (e sobretudo) da consciência. Mas ao adotar esta perspectiva estritamente reducionista da natureza da mente a neurociência corre, hoje em dia, o risco de dissolver a psicologia, ou seja, de jogar fora o bebê junto com a água do banho. É neste cenário extremamente conturbado de disputa paradigmática que surge a ciência cognitiva. Inicialmente ele surge como alternativa intermediária entre tendências introspeccionistas e o behaviorismo. Se existe vida psicológia entre inputs e outputs recebidos por um organismo, esta vida psicológica pode ser modelada na forma de um programa de computador. Esta foi a motivação inicial da ciência cognitiva, que logo percebeu que teria de se firmar como uma ciência interdisciplinar, lançando mão dos recursos da psicologia, da lingüística, da ciência da computação e das neurociências - enfim, tudo que pudesse contribuir para o estudo da mente. Os primórdios desta nova ciência foram marcados pelo discurso mistificador acerca dos cérebros eletrônicos e debates filosóficos pueris acerca do que computadores podem ou não fazer. A própria ciência cognitiva teve suas disputas paradigmáticas internas ou diferentes "escolas" que se propunham a modelar a vida mental seja através da simulação da mente (inteligência artificial simbólica), seja através da simulação do cérebro (inteligência artificial conexionista, baseada em redes neurais artificiais). Nos últimos anos, a ciência cognitiva recupera, cada vez mais, a robótica, à medida que cresce a percepção de que a simulação do comportamento inteligente exige a replicação de mentes encarnadas, isto é, inteligências dotadas de um corpo que atue em um ambiente real. No meio de todas estas disputas e disparidades paradigmáticas da ciência cognitiva há, entretanto, uma proposta metodológica unificadora: a idéia de que simular é explicar. Pouco importa se a simulação é realista ou não, ou seja, se ela é a replicação do modo como os seres humanos executam tarefas inteligentes ou não. Isto é, pouco importa se a simulação do comportamento inteligente se faz através de programas computacionais que simulem a mente, o cérebro, ou se faz através de robôs agindo em tempo real num meio ambiente qualquer. Simulações são modelos psicológicos, cujo desempenho pode efetivamente ser testado. Aviôes voam, mas, hoje em dia, eles pouco têm a ver com o modelo pelo qual os passarinhos voam. Isto não quer dizer que não possamos ainda aprender muito acerca aerodinâmica estudando o vôo dos pássaros - desde seus primórdios a aviação teve de lançar mão do estudo dos pássaros para construir suas primeiras máquinas voadoras. Da mesma maneira, é preciso estudar o cérebro e o comportamento dos seres humanos para explicar a atividade mental através da construção de simulações cognitivas. Apostar neste princípio metodológico, ou seja, na lógica da simulação, significa abandonar a linguagem antropomórfica através da qual queremos explicar nossa própria vida mental. Mas, se o mundo que a física contemporânea descreve está tão distante de nossa percepção cotidiana, por que o mesmo não poderia ocorrer com a psicologia? Certamente muitos filósofos e epistemólogos de plantão argumentarão que simular não significa explicar. Argumentarão que uma máquina que simula a linguagem humana não é uma "máquina que fala", pois nada indica que ela compreenda o que está falando, embora possa dialogar perfeitamente com um ser humano. Argumentarão que esta máquina não tem "estados intencionais", ou seja, pensamentos subjacentes a sua atividade lingüistica e que a construção de uma réplica perfeita de um ser humano não significa que tenhamos reproduzido a consciência ou subjetividade inerente a nossos estados mentais. Mas será que alguma ciência tem como compromisso uma descrição completa de seu objeto? Quando a física estuda as cores e conclui, por exemplo, que o vermelho é resultante de um determinado comprimento de onda que incide sobre a retina, estará ela querendo explicar também o aspecto subjetivo da sensação de experienciar o vermelho? Os críticos da ciência cognitiva parecem ter caído nas armadilhas que a filosofia armou para a psicologia - armadilhas que possivelmente são a fonte de todas as confusões conceituais que uma ciência da mente teria de enfrentar. Afinal, aqueles que argumentam contra a lógica da simulação em nome de "estados intencionais" ou de "consciência" (entendida como a consciência reflexiva dos filósofos) não parecem mutatis mutantis estar muito distantes da física medieval, que explicaria o movimento pelas propriedades intrísecas dos corpos. A intencionalidade, a consciência e os estados subjetivos irredutíveis seriam as propriedades intrínsecas da mente que nunca poderiam ser simuladas, partindo-se do pressuposto de que elas jamais poderiam ser objeto de ciência. Curiosamente, intentio (de onde se deriva a palavra intencionalidade) e impetus referem-se a algum tipo de movimentação (uma movimentação para ou em direção a algo), seja da mente, seja dos corpos físicos. Fontepesquisada:(FILOSOFIA E CIÊNCIA COGNITIVA - autor João de Fernandes Teixeira) TRANSMUTAÇÕES DO INFINITO I O infinito atormentou, desde sempre, a sensibilidade dos homens; mais do que qualquer outra idéia, a de infinito solicitou e fecundou a sua inteligência; mais do que nenhum, o conceito de infinito tem que ser elucidado. Hilbert, 1921 A idéia de INFINITO tem motivado, ao longo dos séculos, filósofos, teólogos, poetas, matemáticos e físicos. Dado que todos eles se exprimem através do finito, para tratar o infinito precisam de o traduzir em termos finitos. O termo “transmutação” serve aqui apenas para caracterizar esta aparente negação do infinito, ou seja, a sua transformação em finito, realizada com o intuito de o conhecer e trabalhar. A transmutação tem de facto dois sentidos, pois também ocorrem transmutações do finito em infinito. Será posto em evidência que foi precisamente assim que o infinito matemático surgiu - como resultado do aprofundamento de questões de natureza finita. A transmutação do infinito adquire várias formas, de acordo com os diferentes pontos de vista considerados - o filosófico, o teológico, o físico ou o matemático. Serão aqui tratadas essencialmente as formas matemáticas, embora se faça referência a outros tipos de transmutação. O tratamento matemático do infinito será abordado com recurso a um mínimo de fórmulas ou de equações. Como diz Guillen em “Pontes para o infinito”1, uma confusão acerca da matemática consiste na suposição de que ela só pode ser convenientemente expressa em termos de símbolos. Para apoiar esta afirmação, Guillen cita um episódio da vida de Riemann (1826-1866), um dos mais importantes matemáticos do séc. XIX. Quando da sua admissão como académico na agora famosa Universidade de Gotingen, Riemann apresentou um trabalho sobre um tópico altamente técnico – os fundamentos da geometria – sem nele incluir uma única equação. Ora o infinito matemático é precisamente uma daquelas questões em que as ideias e a imaginação são o mais importante, tal como é patente na obra de Cantor (1845-1918), o matemático que mais contribuiu para esclarecer a questão do infinito. Para abordar a questão do infinito matemático será usada uma cronologia histórica. Começaremos com o período Grego, essencial no surgir do infinito matemático e filosófico. Também será referida a Idade Média, embora o que estivesse em causa, durante esse período, não fossem propriamente as questões matemáticas. No entanto, as especulações medievais são consideradas extremamente estimulantes no desenvolvimento matemático do período que se segue, o Renascimento. Foi durante esse período que nasceu o Cálculo Infinitesimal, principal instrumento matemático do tratamento do infinito. Serão apresentados, de forma sumária, alguns dos resultados e das técnicas obtidos pelos matemáticos dessa época. Finalmente far-se-á referência a algumas questões do infinito matemático na actualidade e também a abordagens não matemáticas do infinito. OS GREGOS E O INFINITO Os historiadores da matemática costumam referir o horror dos Gregos ao infinito. Seria interessante conhecer profundamente as causas de tal sentimento, que parece contradizer a sua capacidade matemática, até mesmo para tratar... o infinito. De facto os Gregos são, na matemática, os primeiros a tomar consciência da questão e, apesar de terem negado o infinito, deram-lhe um tratamento que deixou sementes. O infinito aparece pela primeira vez na história do pensamento quando os filósofos gregos tentam exprimir por um número a medida da diagonal do quadrado de lado 1. À representação geométrica finita corresponde um número que não acaba, um número infinito. “Poderemos, em consequência, dizer que o problema da diagonal do quadrado nos traz o infinito para ao pé da porta”2. Temos então uma transmutação de um segmento finito num número infinito . Os matemáticos gregos sabiam bem demonstrar, usando diversas técnicas, que esse número não podia ser expresso de forma finita3. Se tal fosse possível, haveria uma fracção ou, como se diz, um número racional, igual a √2 (raiz quadrada de 2). Os Gregos demonstraram também que essa fracção não existe4. Esses números que se exprimem por um número infinito de algarismos - que actualmente chamamos números irracionais - não existiam na matemática grega. Para os Gregos era impensável essa transmutação – o ter que usar um número infinito de algarismos para exprimir um segmento de recta tão bem definido como a diagonal de um quadrado. A medida de tal segmento exprimimo-lo hoje de forma finita usando o símbolo √2. Foi também uma transmutação, desta vez do infinito em finito, permitida pela álgebra, que encontrou símbolos para traduzir uma parte dos números infinitos. Existem muitos outros exemplos de segmentos de linhas rectas e curvas cuja medida escapava às possibilidades da matemática grega. Tais segmentos eram chamados incomensuráveis e a sua medida era considerada uma grandeza e não um número. Entre mais célebres encontra-se a circunferência de diâmetro 1 cujo perímetro vale pi, na notação actual. Aqui usamos uma letra (π) para exprimir esta grandeza, também ela contendo um número infinito de algarismos. Já não é possível usar o símbolo “raiz” para definir a medida da circunferência de forma finita. O número pi é irracional mas de natureza diferente do atrás referido √2 . Como se diz na matemática actual, é um irracional transcendente. Para tratar estes números e em particular a medida do perímetro da circunferência, foram utilizadas várias técnicas de transmutação do infinito em finito que iremos referir mais adiante. Embora os Gregos não considerassem os incomensuráveis como números, tentaram dar-lhes um estatuto de existência que equivale, de facto, a admiti-los como números. A teoria das proporções de Eudoxo foi o instrumento que permitiu definir os irracionais, recorrendo ao finito. A exposição dessa teoria, que figura no livro V dos Elementos de Euclides, sai do âmbito desta comunicação5, mas a sua ideia básica pode ser facilmente compreendida com auxílio do sistema decimal actualmente usado para escrever um número. Por exemplo, para definir o perímetro da circunferência de diâmetro 1 que sabemos medir pi, podemos dizer que esse valor é menor que 3,15 e maior que 3,14, ou seja, podemos escrever uma dupla desigualdade
Material
tirado do blog do amigo Rogerio

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